terça-feira, 31 de agosto de 2010

MENSAGEM DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II PARA O XVII DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE (2002)




«Vós sois o sal da terra...
Vós sois a luz do mundo
» (Mt 5,13-14)
Queridos jovens!
Permanece viva na minha memória a lembrança dos momentos extraordinários que juntos vivemos em Roma, durante o Jubileu do ano 2000, quando viestes em peregrinação ao túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo. Em longas filas silenciosas, fostes cruzando a Porta Santa e preparastes-vos para receber o sacramento da Reconciliação; depois, tanto na Vigília nocturna como na Missa da manhã seguinte em Tor Vergata, vivestes uma experiência espiritual e eclesial intensa; revigorados na fé, regressastes a casa com a missão que vos confiei: tornar-vos, nesta aurora do novo milénio, testemunhas corajosas do Evangelho.
A ocorrência da Jornada Mundial da Juventude tornou-se já um momento importante da vossa vida e também da vida da Igreja. Por isso, convido-vos a começar a vossa preparação para a XVII edição deste grande acontecimento, cuja celebração internacional terá lugar em Toronto, no Canadá, no Verão do próximo ano. Será uma nova ocasião para encontrar Cristo, dar testemunho da sua presença na sociedade contemporânea e tornar-se construtores da «civilização do amor e da verdade».
2. «Vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo» (Mt 5,13-14): eis o tema que escolhi para a próxima Jornada Mundial da Juventude. As imagens do sal e da luz, que Jesus utiliza, são ricas de sentido, completando-se entre si. Realmente, na antiguidade, o sal e a luz eram considerados elementos essenciais da vida humana. 


 
«Vós sois o sal da terra...». Como se sabe, uma das funções primárias do sal é temperar, dar gosto e sabor aos alimentos. Esta imagem recorda-nos que, através do baptismo, todo o nosso ser foi profundamente transformado, porque «temperado» com a vida nova que nos vem de Cristo (cf. Rm 6, 4). Este sal que tem a virtude de não deixar a identidade cristã desnaturar-se mesmo num ambiente duramente secularizado, é a graça baptismal que nos regenerou, fazendo-nos viver em Cristo e tornando-nos capazes de responder ao seu apelo para «oferecermos os [nossos] corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus» (Rm 12,1). S. Paulo, escrevendo aos cristãos de Roma, exorta-os a evidenciarem claramente o seu modo de viver e pensar diverso do de seus contemporâneos: «Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, a fim de conhecerdes a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável e o que é perfeito» (Rm 12,2).
O sal foi também, durante muito tempo, o meio habitualmente usado para conservar os alimentos. Como sal da terra, sois chamados a conservar a fé que recebestes e a transmiti-la intacta aos outros. Particularmente grande é o desafio que se coloca à vossa geração de manter íntegro o depósito da fé (cf. 2Ts 2,15; 1Tm 6,20; 2Tm 1,14).
Descobri as vossas raízes cristãs, aprendei a história da Igreja, aprofundai o conhecimento da herança espiritual que vos foi transmitida, imitai as testemunhas e os mestres que vos precederam! Só permanecendo fiéis aos mandamentos de Deus, à Aliança que Cristo selou com o seu sangue derramado na Cruz é que podereis ser os apóstolos e as testemunhas do novo milénio.
É próprio da condição humana e, particularmente, da juventude buscar o Absoluto, o sentido e a plenitude da existência. Amados jovens, não vos contenteis com nada menos do que os mais altos ideiais! Não vos deixeis desanimar por aqueles que, desiludidos da vida, se tornaram surdos aos anseios mais profundos e autênticos do seu coração. Tendes razão para não vos resignardes com diversões insípidas, modas passageiras e projectos redutivos. Se mantiverdes com ardor os vossos anelos pelo Senhor, sabereis evitar a mediocridade e o conformismo, tão espalhados na nossa sociedade.
3. «Vós sois a luz do mundo...» Tanto para os primeiros que ouviram Jesus como para nós, o símbolo da luz evoca aquele desejo de verdade e sede de chegar à plenitude do conhecimento que estão gravados no íntimo de todo o ser humano.
Quando a luz vai diminuindo ou desaparece totalmente, deixa-se de poder distinguir a realidade circundante. No coração da noite, pode-se sentir medo e insegurança, aguardando-se então com impaciência a chegada da luz da aurora. Amados jovens, é o vosso turno de ser as sentinelas da manhã (cf. Is 21,11-12) que anunciam a chegada do sol que é Cristo ressuscitado!
A luz de que nos fala Jesus no Evangelho é a fé, dom gratuito de Deus que vem iluminar o coração e esclarecer a inteligência: «Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é que brilhou nos nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento da glória de Deus, que se reflecte na face de Cristo» (2Cor 4,6). Por isto mesmo assumem um valor extraordinário as palavras com que Jesus explica a sua identidade e missão: «Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8,12).
O encontro pessoal com Cristo ilumina a vida com uma nova luz, orienta-nos pelo bom caminho e leva-nos a ser suas testemunhas. O novo modo de ver o mundo e as pessoas, que d'Ele nos vem, faz-nos penetrar mais profundamente no mistério da fé, que não é simplesmente um conjunto de enunciados teóricos para serem acolhidos e ratificados pela inteligência, mas uma experiência a assimilar, uma verdade a ser vivida, o sal e a luz de toda a realidade (cf. Veritatis splendor, 88).
No actual contexto de secularização, quando muitos dos nossos contemporâneos pensam e vivem como se Deus não existisse ou deixam-se atrair para formas irracionais de religiosidade, é necessário que precisamente vós, amados jovens, reafirmeis a fé como uma decisão pessoal que compromete toda a existência. Que o Evangelho seja o grande critério que guia as opções e os rumos da vossa vida! Tornar-vos-eis assim missionários por gestos e palavras e, por todo o lado onde trabalhardes e viverdes, sereis sinal do amor de Deus, testemunhas credíveis da presença amorosa de Cristo. Nunca esqueçais: «Não se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire» (Mt 5,15)!
Como o sal dá sabor aos alimentos e a luz ilumina as trevas, assim a santidade dá sentido pleno à vida, tornando-a reflexo da glória de Deus. Quantos santos, mesmo entre os jovens, conta a história da Igreja! No seu amor a Deus, fizeram resplandecer as suas virtudes heróicas diante do mundo, tornando-se modelos de vida que a Igreja propôs para imitação de todos. Dentre eles basta recordar: Inês de Roma, André di Phú Yên, Pedro Calungsod, Josefina Bakhita, Teresa de Lisieux, Pêro Jorge Frassati, Marcelo Callo, Francisco Castelló Aleu e ainda Catarina Tekakwitha, jovem iroquesa denominada «o lírio dos Mohawks». Peço a Deus, três vezes Santo, que, pela intercessão desta multidão imensa de testemunhas, vos torne santos, amados jovens, os santos do terceiro milénio!
4. Queridos jovens, é tempo de preparar-se para a XVII Jornada Mundial da Juventude. Convido-vos de modo especial a lerdes e aprofundardes a Carta Apostólica Novo millennio ineunte, que escrevi ao início do ano para servir de guia aos baptizados nesta nova etapa da vida da Igreja e dos homens: «Começa um novo século e um novo milénio sob a luz de Cristo. Nem todos, porém, vêem esta luz. A nós cabe a tarefa maravilhosa e exigente de ser o seu "reflexo"» (n.º 54).




Sim, é a hora da missão! Nas vossas dioceses e paróquias, nos vossos movimentos, associações e comunidades, Cristo chama-vos, a Igreja acolhe-vos como casa e escola de comunhão e de oração. Aprofundai o estudo da Palavra de Deus e deixai que ela ilumine a vossa mente e o vosso coração. Ganhai força a partir da graça sacramental da Reconciliação e da Eucaristia. Encontrai-vos frequentemente com o Senhor «coração a coração» na adoração eucarística. Dia após dia recebereis um novo estímulo que vos permitirá confortar os que sofrem e levar a paz ao mundo. Muitas são as pessoas que a vida maltratou, excluídas do progresso económico, sem um tecto, uma família ou um emprego; muitas se extraviam atrás de falsas ilusões, ou perderam já toda a esperança. Contemplando a luz que refulge no rosto de Cristo ressuscitado, aprendei por vossa vez a viver como «filhos da luz e filhos do dia» (1Ts 5,5), mostrando a todos que «o fruto da luz consiste na bondade, na justiça e na verdade» (Ef 5,9).
5. Jovens amigos, para quantos de vós tenham possibilidades o nosso encontro será em Toronto! No coração duma cidade multicultural e pluriconfessional, proclamaremos a unicidade de Cristo Salvador e a universalidade do mistério da salvação cujo sacramento é a Igreja. Rezaremos pela plena comunhão entre os cristãos na verdade e na caridade, correspondendo ao premente convite do Senhor que deseja ardentemente «que todos sejam um só» (Jo 17, 11).
Vinde fazer ressoar pelas grandes artérias de Toronto o anúncio jubiloso de Cristo que ama todos os homens e dá pleno cumprimento a todo o sinal de bem, de beleza e de verdade presente na cidade humana. Vinde proclamar a todo o mundo a vossa alegria por ter encontrado Cristo Jesus, o vosso desejo de conhecê-Lo cada vez melhor, o vosso compromisso de anunciar o seu Evangelho de salvação até ao últimos confins da terra!
Estão já a preparar-se para vos acolher com grande e calorosa hospitalidade os jovens canadenses da vossa idade, juntamente com os seus bispos e as autoridades civis. Desde já lho agradeço vivamente. Possa esta primeira Jornada Mundial dos Jovens, ao início do terceiro milénio, transmitir a todos uma mensagem de fé, esperança e amor!
A minha bênção vos acompanha, enquanto confio a Maria, Mãe da Igreja, cada um de vós, a vossa vocação e a vossa missão.
Castelgandolfo, 25 de Julho de 2001.
IOANNES PAULUS II

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dez conselhos de Bento XVI aos jovens


Conversar diariamente com Deus, ler a Bíblia, ir à Missa aos Domingos, contar as alegrias e penas a Cristo, dar exemplo ou ser útil aos outros: são alguns dos conselhos que o Papa dá aos jovens.

1) Conversar com Deus

“Algum de vós poderia talvez identificar-se com a descrição que Edith Stein fez da sua própria adolescência, ela, que viveu depois no Carmelo de Colônia: "Tinha perdido consciente e deliberadamente o costume de rezar". Durante estes dias podereis recuperar a experiência vibrante da oração como diálogo com Deus, porque sabemos que nos ama e, a quem, por sua vez, queremos amar”. 

2) Contar-lhe as penas e alegrias

“Abri o vosso coração a Deus. Deixai-vos surpreender por Cristo. Dai-lhe o "direito de vos falar" durante estes dias. Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso. Apresentai as vossas alegrias e as vossas penas a Cristo, deixando que ele ilumine com a sua luz a vossa mente e toque com a sua graça o vosso coração.

3) Não desconfiar de Cristo

“Queridos jovens, a felicidade que buscais, a felicidade que tendes o direito de saborear, tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. Só ele dá plenitude de vida à humanidade. Dizei, com Maria, o vosso "sim" ao Deus que quer entregar-se a vós. Repito-vos hoje o que disse no princípio de meu pontificado: ‘Quem deixa entrar Cristo na sua vida não perde nada, nada, absolutamente nada do que faz a vida livre, bela e grande. ¡Não! Só com esta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só com esta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos o que é belo e o que nos liberta’. Estai plenamente convencidos: Cristo não tira nada do que há de formoso e grande em vós, mas leva tudo à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo”.

4) Estar alegres: querer ser santos

“Para além das vocações de consagração especial, está a vocação própria de todo o batizado: também é esta uma vocação que aponta para um ‘alto grau’ da vida cristã ordinária, expressa na santidade. Quando encontramos Jesus e acolhemos o seu Evangelho, a vida muda e somos impelidos a comunicar aos outros a experiência própria (...). A Igreja necessita de santos. Todos estamos chamados à santidade, e só os santos podem renovar a humanidade. Convido-vos a que vos esforceis nestes dias por servir sem reservas a Cristo, custe o que custar. O encontro com Jesus Cristo vos permitirá apreciar interiormente a alegria da sua presença viva e vivificante, para testemunhá-la depois no vosso ambiente”.

5) Deus: tema de conversa com os amigos

 “São tantos os nossos companheiros que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com sucedâneos insignificantes. Portanto, é urgente ser testemunhos do amor que se contempla em Cristo. Queridos jovens, a Igreja necessita autênticos testemunhos para a nova evangelização: homens e mulheres cuja vida tenha sido transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros”.

6) No Domingo, ir à Missa

Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e ajudai também os outros a descobri-la. Certamente, para que dela emane a alegria que necessitamos, devemos aprender a compreendê-la cada vez mais profundamente, devemos aprender a amá-la. Comprometamo-nos com isso, vale a pena! Descubramos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e a sua verdadeira grandeza: não somos os que fazemos uma festa para nós, mas, pelo contrário, é o próprio Deus vivo que prepara uma festa para nós. Com o amor à Eucaristia redescobrireis também o sacramento da Reconciliação, no qual a bondade misericordiosa de Deus permite sempre que a nossa vida comece novamente.

7) Demonstrar que Deus não é triste

Quem descobriu Cristo deve levar os outros para ele. Uma grande alegria não se pode guardar para si mesmo. É necessário transmiti-la. Em numerosas partes do mundo existe hoje um estranho esquecimento de Deus. Parece que tudo anda igualmente sem ele. Mas ao mesmo tempo existe também um sentimento de frustração, de insatisfação de tudo e de todos. Dá vontade de exclamar: Não é possível que a vida seja assim! Verdadeiramente não.

8) Conhecer a fé

Ajudai os homens a descobrir a verdadeira estrela que nos indica o caminho: Jesus Cristo. Tratemos, nós mesmos, de conhecê-lo cada vez melhor para poder conduzir também os outros, de modo convincente, a ele. Por isso é tão importante o amor à Sagrada Escritura e, em conseqüência, conhecer a fé da Igreja que nos mostra o sentido da Escritura.

9) Ajudar: ser útil

Se pensarmos e vivermos inseridos na comunhão com Cristo, os nossos olhos se abrem. Não nos conformaremos mais em viver preocupados somente conosco mesmo, mas veremos como e onde somos necessários. Vivendo e atuando assim dar-nos-emos conta rapidamente que é muito mais belo ser úteis e estar à disposição dos outros do que preocupar-nos somente com as comodidades que nos são oferecidas. Eu sei que vós, como jovens, aspirais a coisas grandes, que quereis comprometer-vos com um mundo melhor. Demonstrai-o aos homens, demonstrai-o ao mundo, que espera exatamente este testemunho dos discípulos de Jesus Cristo. Um mundo que, sobretudo mediante o vosso amor, poderá descobrir a estrela que seguimos como crentes.

10) Ler a Bíblia

O segredo para ter um "coração que entenda" é edificar um coração capaz de escutar. Isto é possível meditando sem cessar a palavra de Deus e permanecendo enraizados nela, mediante o esforço de conhecê-la sempre melhor. Queridos jovens, exorto-vos a adquirir intimidade com a Bíblia, a tê-la à mão, para que seja para vós como uma bússola que indica o caminho a seguir. Lendo-a, aprendereis a conhecer Cristo. São Jerônimo observa a este respeito: "O desconhecimento das Escrituras é o desconhecimento de Cristo"

* * *

Em resumo...

Construir a vida sobre Cristo, acolhendo com alegria a palavra e pondo em prática a doutrina: eis aqui, jovens do terceiro milênio, o que deve ser o vosso programa! É urgente que surja uma nova geração de apóstolos enraizados na palavra de Cristo, capazes de responder aos desafios do nosso tempo e dispostos a difundir o Evangelho por toda a parte. Isto é o que o Senhor vos pede, a isto vos convida a Igreja, isto é o que o mundo – ainda que não saiba – espera de vós! E se Jesus vos chama, não tenhais medo de responder-lhe com generosidade, especialmente quando vos propõe segui-lo na vida consagrada ou na vida sacerdotal. Não tenhais medo; confiai n’Ele e não ficareis decepcionados.

BENTO XVI

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Entrevista com Padre Pio




Em 1974, foi publicada uma obra em italiano, intitulada “Assim falou Padre Pio” (S. Giovanni Rotondo, Foggia, Itália) com o Imprimatur de Dom Fanton, Bispo Auxiliar de Vicenza.
No presente trabalho, extraímos alguns trechos em que Padre Pio falava da Santa Missa:
Padre, o Sr. ama o Sacrifício da Missa?
Sim, porque Ela regenera o mundo.
Que glória dá a Deus a Missa?
Uma glória infinita.
Que devemos fazer durante a Missa?
Compadecer-nos e amar.
Padre, como devemos assistir à Santa Missa?
Como assistiram a Santíssima Virgem e as piedosas mulheres. Como assistiu S. João Evangelista ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrifício cruento da Cruz.

Padre, que benefícios recebemos ao assistir à Santa Missa?
Não se podem contar. Vê-lo-ás no céu. Quando assistires à Santa Missa, renova a tua fé e medita na Vítima que se imola por ti à Divina Justiça. Não te afastes do altar sem derramar lágrimas de dor e de amor a Jesus, Crucificado por tua salvação. A Virgem Dolorosa te acompanhará e será tua doce inspiração.
Padre, que é sua Missa?
Uma união sagrada com a Paixão de Jesus. Minha responsabilidade é única no mundo. (Dizia chorando)
Que devo descobrir na sua Santa Missa?
Todo o Calvário.

Padre, diga-me tudo o que o senhor sofre durante a Santa Missa.
Sofro tudo o que Jesus sofreu na sua Paixão, embora sem proporção, só enquanto pode fazê-lo uma criatura humana. E isto, apesar de cada uma de minhas faltas e só por sua bondade.
Padre, durante o Sacrifício divino, o senhor carrega os nossos pecados?
Não posso deixar de fazê-lo, já que é uma parte do Santo Sacrifício.

O senhor considera a si mesmo como um pecador?
Não o sei, porém temo que assim seja.
Eu já vi o senhor tremer ao subir aos degraus do altar. Por quê? Pelo que tens de sofrer?
Não pelo que tenho de sofrer, mas pelo que tenho de oferecer.

Em que momento da Missa o senhor sofre mais?
Na Consagração e na Comunhão.

Padre, esta manhã na Missa, ao ler a história de Esaú, que vendeu os direitos de sua primogenitura, seus olhos se encheram de lágrimas.
Parece-te pouco desprezar o dom de Deus?
Por que, ao ler o Evangelho, o senhor chorou quando leu estas palavras: “Quem come minha carne e bebe o meu sangue…”.
Chora comigo de ternura!

Padre, por que o senhor chora quase sempre que lê o Evangelho na Missa?
A nós nos parece que não tem importância que um Deus fale às suas criaturas e elas O contradigam e continuamente O ofendam com sua ingratidão e incredulidade.

Sua Missa, Padre, é um sacrifício cruento?
Hereje!

Perdão, Padre, quis dizer que na Missa o Sacrifício de Jesus não é cruento, mas a sua participação em toda a Paixão o é. Engano-me?
Não, nisso não te enganas. Creio que tens toda a razão.

Quem lhe limpa o sangue durante a Missa?
Ninguém.
Padre, por que o senhor chora no Ofertório?
Queres saber o segredo? Pois bem: porque é o momento em que a alma se separa das coisas profanas.

Durante sua Missa, Padre, o povo faz um pouco de barulho…
Se estivesses no Calvário, não escutarias gritos, blasfêmias, ruídos, e ameaças? Havia um alvoroço enorme.

Não o distraem os ruídos?
Em nada.

Padre, por que sofre tanto na Consagração?
Não sejas maldoso… (Não quero que me perguntes isso…).

Padre, diga-me: por que sofre tanto na Consagração?
Porque nesse momento se produz realmente uma nova e admirável destruição e criação.
Padre, por que chora no altar e que significam as palavras que pronuncia na Elevação? Pergunto por curiosidade, mas também porque quero repeti-las com o senhor.
Os segredos do Rei Supremo não podem revelar-se nem profaná-los. Pergunta-mês por que choro, mas eu não queria derramar essas pobres lagrimazinhas, mas torrentes de lágrimas. Não meditas neste grandioso mistério?
Padre, o senhor sofre, durante a Missa, a amargura do fel?
Sim, muito freqüentemente…
Padre, como pode estar-se de pé no Altar?
Como estava Jesus na Cruz.

No altar, o senhor está cravado na Cruz, como Jesus no Calvário?
E ainda me perguntas?

Como se acha o senhor?
Como Jesus no Calvário.

Padre, os carrascos deitaram a Cruz no chão para pregarem os cravos em Jesus?
Evidentemente.
Ao senhor também lhos pregam?
E de que maneira!
Também deitam a Cruz para o senhor?
Sim, mas não devemos ter medo.
Padre, durante a Missa, o senhor pronuncia as Sete Palavras que Jesus disse na Cruz?
Sim, indignamente, mas também as pronuncio.
E a quem diz: “Mulher, eis aí teu filho”?
Digo para Ela: “Eis aqui os filhos de Teu Filho”.
O senhor sofre a sede e o abandono de Jesus?
Sim.

Em que momento?
Depois da Consagração.

Até que momento?
Costuma ser até a Comunhão.
O senhor diz que tem vergonha de dizer: “Procurei quem me consolasse e não achei”. Por quê?
Porque nossos sofrimentos de verdadeiros culpados, não são nada em comparação com os de Jesus.

Diante de quem sente vergonha?
Diante de Deus e da minha consciência.
Os Anjos do Senhor o reconfortam no Altar em que o senhor se imola?
Pois… não o sinto.
Se não lhe vem o consolo até a alma durante o Santo Sacrifício, e o senhor sofre como Jesus, o abandono total, nossa presença não serve para nada.
A utilidade é para vós. Por acaso foi inútil à presença da Virgem Dolorosa, de São João e das piedosa mulheres aos pés de Jesus agonizante?

Que é a Sagrada Comunhão?
É toda uma misericórdia interior e exterior, todo um abraço. Pede a Jesus que se deixe sentir sensivelmente.

Quando Jesus vem, visita somente à alma?
O ser inteiro.
Que faz Jesus na Comunhão?
Deleita-se na sua criatura.
Quando se une o Jesus na Santa Comunhão, que quer peçamos a Deus pelo senhor?
Que eu seja outro Jesus, todo Jesus e sempre Jesus.
O senhor sofre também na Comunhão?
É o ponto culminante.

Depois da Comunhão, continuam seus sofrimentos?
Sim, mas não sofrimentos de amor.

A quem se dirigiu o último olhar de Jesus agonizante?
À sua Mãe.
E o senhor, para quem olha?
Para meus irmãos de exílio.
O senhor morre na Santa Missa?
Misticamente, na Sagrada Comunhão.
É por excesso de amor ou de dor?
Por ambas as coisas, porém mais por amor.
Se o senhor morre na Comunhão, continua a ficar no Altar? Por quê?
Jesus morto permanecia pendente da Cruz no Calvário.
Padre, o senhor disse que a vítima morre na Comunhão. Colocam o senhor nos braços de Nossa Senhora?
Nos de São Francisco.
Padre, Jesus desprega os braços da Cruz para descansar no Senhor?
Sou eu quem descansa nEle!

Quanto ama a Jesus?
Meu desejo é infinito, mas a verdade é que, infelizmente, tenho que dizer nada e me causa pena.
Padre, por que o senhor chora ao pronunciar a última palavra do Evangelho de São João: “E vimos sua glória como do Unigênito Pai, cheio de graça e de verdade”?
Parece-te pouco? Se os Apóstolos, com seus olhos de carne, viram essa glória, como será a que veremos no Filho de Deus, em Jesus, quando se manifestar no céu?
Que união teremos então com Jesus?
A Eucaristia nos dá uma idéia.
A Santíssima Virgem assiste à sua Missa?
Julgas que a Mamãe não se interessa por seu Filho?
E os Anjos?
Em multidões.
Padre, quem está mais perto do Altar?
Todo o Paraíso.
O senhor gostaria de celebrar mais de uma Missa por dia?
Se eu pudesse não queria descer do Altar.
Disseram-me que o senhor traz consigo o seu próprio Altar…
Sim, porque se realizam estas palavras do Apóstolo: “Eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus.” “Estou cravado com Cristo na Cruz.” “Castigo o meu corpo, e o reduzo à escravidão…”
Nesse caso, não me engano quando digo que estou vendo Jesus Crucificado!
(Nenhuma resposta)

Padre, o senhor se lembra de mim na Santa Missa?
Durante toda a Missa, desde o princípio até o fim, lembro-me de ti.
A Missa do Padre Pio, em seus primeiros anos, durava mais de duas horas. Sempre foi um êxtase de amor e de dor. Seu rosto estava inteiramente concentrado em Deus e cheio de lágrimas. Um dia, ao confessar-me, perguntei-lhe sobre este grande mistério:
Padre quero fazer-lhe uma pergunta.
Dize-me filho.
Padre queria perguntar-lhe que é a Missa?
Por que me perguntas isto?
Para ouvi-la melhor, Padre.
Filho, posso dizer-te que é Minha Missa.
Pois, é isso que quero saber Padre.
Meu filho, estamos na Cruz e a Missa é uma contínua agonia.
Autor: São Pio de Pieltrecina

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Preces para pedir Sacerdotes Santos



- Para conseguir o perdão dos pecados,
dai-nos, Senhor, sacerdotes santos.
- Para que não nos falte a Eucaristia,
- Para que as crianças conservem a graça,
- Para que a juventude conheça e siga a Cristo,
- Para que os mais velhos conformem as suas vidas de acordo com a Lei de Deus,
- Para que tenhamos lares cristãos,
- Para que na nossa terra se viva a união e a caridade cristã,
- Para que os doentes recebam os auxílios espirituais,
- Para que nos acompanhem na hora da morte e ofereçam a Missa por nós,
- Santa Maria, Mãe da Igreja, alcançai-nos do Senhor sacerdotes santos.

Mês das Vocações!

A aventura de ser chamado por Deus

Autor: Edinardo de Oliveira Júnior Missionário e seminarista da Comunidade de Vida Shalom
Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=4656



Todos nós, não importa a idade, nos sentimos atraídos pela aventura e por correr algum risco. 
Tem aqueles que saltam de metros de altura com apenas uma corda amarrada à cintura ou que descem rios caudalosos numa embarcação um tanto quanto precária... Mesmo aqueles que não gostam de esportes radicais muitas vezes gostam de se arriscar em um brinquedo do parque mais emocionante ou até mesmo fazendo um investimento um pouco arriscado.


Talvez tenha sido essa atração à aventura, tão inerente a nós homens, que levou Santa Teresa Benedita da Cruz, mais conhecida por Edith Stein, a dizer que “responder o chamado de Deus é uma aventura, e vale a pena correr esse risco”. Talvez poucas definições de “vocação” sejam tão precisas quanto esta! Ser chamado por Deus e responder a esse chamado é viver uma aventura, com tudo o que esta tem direito. E não diria só uma aventura, mas A aventura!
Responder a esse chamado é olhar para frente e ver uma via desconhecida e incerta a ser percorrida.
 
Ter o coração preenchido de uma alegria inexplicável e de um ardente desejo de percorrer esse caminho novo, mesmo que tantos já nos tenham alertados dos perigos que ele traz (São João da Cruz nos fala das feras, dos fortes e das fronteiras, Santa Teresa das “sevandijas”, entre outros...). É perceber que suas pernas balançam e vacilam antes de dar o primeiro passo e sentir um friozinho na barriga ao iniciar a caminhada. É se alegrar, se maravilhar, com as belas paisagens descobertas ao longo da estrada (penso naqueles que, pelo sim que damos a Deus, têm as vidas transformadas por Ele, as quais podemos ou não contemplar), tanta coisa que nunca esperávamos ver, nem sabíamos que existia!
Mas como qualquer aventura, responder a Deus é também sentir o cansaço da longa jornada, do sol a queimar a nossa fronte. É se molhar com a chuva inesperada, se ferir com as pedras e galhos do caminho, tropeçar e até mesmo cair. E quantas quedas! É muitas vezes ter vontade de desistir, de se lembrar do conforto da sua casa, olhar para a frente e se perguntar se vale mesmo a pena continuar.
É a própria Edith Stein que garante que vale, sim, a pena prosseguir, seja qual for o risco. Ela é testemunha, assim como muitos outros santos que, também ouvindo a voz de Deus que os chamava, se colocaram a caminho e atingiram o cume deste monte que escalamos dia após dia. É interessante que Edith Stein era carmelita (monja de vida contemplativa) e morreu mártir num campo de concentração, e ainda assim, teve a coragem de atestar o quanto vale a pena seguir a Deus.
Mais ainda do que estes que nos dão testemunho, é o próprio Deus que nos garante que vale a pena correr todos esses riscos e quaisquer outros. Vale a pena, porque nesse caminho nós somos amadurecidos por Ele, somos sustentados pela sua Providência, que nunca se deixa faltar e que nos dá mais do que pedimos ou pensaríamos pedir, somos purificados de nossos pecados e podados em nossas imperfeições e porque a nossa meta é a felicidade sem fim, a santidade. Enfim, vale a pena porque o prêmio é o próprio Jesus Cristo, a pérola preciosa, o tesouro escondido no campo.
Muitos são os aventureiros que a cada dia escutam a voz do Senhor a interpelá-los e recebem dele a graça de corresponder a essa voz, que chama e capacita a responder. E então? Não quer você também correr esse risco?