Autor: Edinardo de Oliveira Júnior Missionário e seminarista da Comunidade de Vida Shalom
Fonte: http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=4656
Todos nós, não importa a idade, nos sentimos atraídos pela aventura e por correr algum risco.
Tem aqueles que saltam de metros de altura com apenas uma corda amarrada à cintura ou que descem rios caudalosos numa embarcação um tanto quanto precária... Mesmo aqueles que não gostam de esportes radicais muitas vezes gostam de se arriscar em um brinquedo do parque mais emocionante ou até mesmo fazendo um investimento um pouco arriscado.
Talvez tenha sido essa atração à aventura, tão inerente a nós homens, que levou Santa Teresa Benedita da Cruz, mais conhecida por Edith Stein, a dizer que “responder o chamado de Deus é uma aventura, e vale a pena correr esse risco”. Talvez poucas definições de “vocação” sejam tão precisas quanto esta! Ser chamado por Deus e responder a esse chamado é viver uma aventura, com tudo o que esta tem direito. E não diria só uma aventura, mas A aventura!
Responder a esse chamado é olhar para frente e ver uma via desconhecida e incerta a ser percorrida.
Ter o coração preenchido de uma alegria inexplicável e de um ardente desejo de percorrer esse caminho novo, mesmo que tantos já nos tenham alertados dos perigos que ele traz (São João da Cruz nos fala das feras, dos fortes e das fronteiras, Santa Teresa das “sevandijas”, entre outros...). É perceber que suas pernas balançam e vacilam antes de dar o primeiro passo e sentir um friozinho na barriga ao iniciar a caminhada. É se alegrar, se maravilhar, com as belas paisagens descobertas ao longo da estrada (penso naqueles que, pelo sim que damos a Deus, têm as vidas transformadas por Ele, as quais podemos ou não contemplar), tanta coisa que nunca esperávamos ver, nem sabíamos que existia!
Mas como qualquer aventura, responder a Deus é também sentir o cansaço da longa jornada, do sol a queimar a nossa fronte. É se molhar com a chuva inesperada, se ferir com as pedras e galhos do caminho, tropeçar e até mesmo cair. E quantas quedas! É muitas vezes ter vontade de desistir, de se lembrar do conforto da sua casa, olhar para a frente e se perguntar se vale mesmo a pena continuar.
É a própria Edith Stein que garante que vale, sim, a pena prosseguir, seja qual for o risco. Ela é testemunha, assim como muitos outros santos que, também ouvindo a voz de Deus que os chamava, se colocaram a caminho e atingiram o cume deste monte que escalamos dia após dia. É interessante que Edith Stein era carmelita (monja de vida contemplativa) e morreu mártir num campo de concentração, e ainda assim, teve a coragem de atestar o quanto vale a pena seguir a Deus.
Mais ainda do que estes que nos dão testemunho, é o próprio Deus que nos garante que vale a pena correr todos esses riscos e quaisquer outros. Vale a pena, porque nesse caminho nós somos amadurecidos por Ele, somos sustentados pela sua Providência, que nunca se deixa faltar e que nos dá mais do que pedimos ou pensaríamos pedir, somos purificados de nossos pecados e podados em nossas imperfeições e porque a nossa meta é a felicidade sem fim, a santidade. Enfim, vale a pena porque o prêmio é o próprio Jesus Cristo, a pérola preciosa, o tesouro escondido no campo.
Muitos são os aventureiros que a cada dia escutam a voz do Senhor a interpelá-los e recebem dele a graça de corresponder a essa voz, que chama e capacita a responder. E então?
Não quer você também correr esse risco?